quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Postado Por digo-provo | Tag :
LOCAL ONDE FUNCIONAVA O CINEMA

O padre Antas lançou o Cinema Paroquial, em Pedro Avelino, nos anos de 1960 e permaneceu até meados da década de 70, até a sua morte. O Cinema tinha palco para teatro, sala para máquinas cinematográficas na parte de cima e cadeiras que não deixavam a desejar a nenhum prédio cinéfilo do Estado. O cinema era uma grande novidade, um negócio fascinante que tinha chegado à cidade. Para a meninada, assistir um filme era uma alegria imensurável. Após a sessão, os meninos saíam do cinema para casa contanto os melhores momentos do filme, do sofrimento do artista principal, que no final era o vitorioso. A propaganda dos filmes era feita de uma maneira muito peculiar e interessante. Em armações de madeira e compensado, as fotos de divulgação fornecidas pelas distribuidoras eram coladas e, com tinta azul xadrez, eram escritos o nome do filme e dos artistas principais, além de uma frase copiada dos folhetos de divulgação. As armações ou tabuletas de compensado eram colocadas em pontos estratégicos da cidade e tinham várias informações sobre o filme, como horário, elenco, fotos e algumas frases de efeito, como emocionante, não percam, sensacional, espetacular. Era a mídia e o marketing da época. Quando o filme era famoso e caro, a propaganda se tornava mais agressiva: Dois garotos andavam por toda a cidade, com a tabuleta nas mãos, e a meninada corria para ver o filme do domingo à noite, após a missa. Era cinema cheio na certa. Três chamadas alertavam para o início do filme, não sei se do agudo para o grave, ou o contrário. No início, havia apenas uma máquina para exibição dos filmes e quando ela quebrava precisava ser consertada na mesma hora, caso contrário teria que devolver o valor dos ingressos, pois o tempo de permanência do filme na cidade, através do contrato, não permitia que a exibição fosse feita no dia seguinte. Seu Caldas era perito em consertar rapidamente a máquina. Ele desmontava, descobria o defeito e consertava em menos de dez minutos. Quando surgia um defeito o público não se incomodava pois sabia que dentro de poucos minutos tudo estaria normalizado. Muito tempo depois, o operador começou a trabalhar com duas máquinas, um rolo em cada uma delas. Eu imagino que seu Caldas tinha apenas uma preocupação concreta no cinema, era a preocupação da mudança de um rolo para outro. Como projecionista ficava atento à sinalização de, no máximo, dez segundos, sem o telespectador perceber. Francisco Caldas colaborou com essa manifestação cultural, e que o Cinema Paroquial recebia filas de crianças , jovens e adultos numa época telúrica. Naquela época o faroeste ou bang-bang era o gênero preferido da meninada que ficava atenta a xerifes, pistoleiros, bandidos, mocinhos, diligências, índios etc. Depois do filme, seu Caldas direcionava o público para ficar atento ao seriado Flash Gordon no Planeta Marte. Cada seriado terminava num momento de emoção e de incerteza para que o público ficasse atento para o próximo episódio e, consequentemente, o filme também. Para agradar ao público, o filme deveria ter muita ação. Os preferidos eram os de cowboy, de piratas, de aventuras e de Tarzan. Os astros preferidos eram Antony Quynn, , Franco Nero. As artistas eram Alex Smith, Bárbara Stanwick e Ann Sheridan, . Toda sexta-feira santa era exibido o filme “Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo”, com casa lotada. Por fim, o cinema se acabou, mas os filmes continuam na. Infância feliz.

Fonte: Marcos Calaça, jornalista (UFRN)”

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